sábado, 8 de agosto de 2009

Ai, o passado...

O passado consiste no que já passou. Mas o que já passou as vezes não passa.

Ontem, no telecine cult passou Flashdance - e o Neto que gravou para mim, porque ele viu uma fita que eu, com 7 anos, dançava a música tema do filme desconjutóriamente -, o filme que eu assisti mais do que Escola de Rock e marcou a minha infância mais do que a Xuxa ou a Simony. Para se ter uma idéia, eu, 23 anos depois, ainda tenho todos os diálogos memorizados. Não só os diálogos, mas as cenas, as emoções.

Hoje, ele me parece muito mais sacana. A menina é uma pervertida, mas, enfim...

A primeira vez que eu assisti foi na casa da Tia Inês, quando passou pela primeira vez no Supercine. A gente sempre reunia as famílias no sábado a noite e, enquanto os pais conversavam borracha, eu ficava brincado com a Talita, o Thiago e a Jackie de escolinha. A gente ia embora depois da meia noite e eu achava o máximo. A Jackie dava aulas, porque era mais velha. Foi nessas aulas que eu aprendi a fazer conta de dividir com 3 números. Só que, nesse sábado, eu fiquei encantada já com as letras vermelhas que abrem o filme. Foi uma experiencia, eu diria, hipnotizante.

Uma das lembranças mais fortes que eu tive ontem foi de quando meu avô comprou um video cassete, que na época era o auge da tecnologia audiovisual, e, quando a gente ia passar férias na casa dele, ele deixava a gente pegar 20, 30 fitas. E, assim como a Clara só pegava A Rádio do Chico Bento, eu só pegava Flashdance. E assistia diversas vezes seguidamente. E ele ia deixando a fita lá, sem devolver, as férias inteiras. No dia que eu fui embora, eu estava na rua brincando e meu avô me chamou. Ele me sentou no colo dele, em uma poltrona marrom que ele sempre sentava e que ficava de frente pra porta e para a televisão. Ele ajustou a fita só para a hora da dança final. E a gente assistiu juntos. Ele me deu um beijo na testa e eu chorei porque estava indo embora - eu sempre chorava quando ia embora. Entrei no carro. Foi a última vez que eu ví meu avô.

Quase sempre, as coisas realmente não são como a gente espera que elas sejam. Eu não sou nem de longe uma bailarina de jazz. Eu não sou a Jhennifer Bills. Meu avô não está mais vivo e nem sequer eu durmo sábado depois da meia noite a maior parte deles. Só que hoje eu tenho outras coisas, e tenho isso, as lembranças, que eu carrego comigo e fazem parte da minha vida, que me tornam o que eu sou. Eu sou grata por tudo na minha vida. Eu não tenho nada do que me arrepender e nem me amargurar. Eu não tenho correntes e nem fantasmas para carregar. Eu tenho lembranças.

Entre elas, essa:

Primeiro, quando há nada
a não ser um sonho ardente e lento
que seu medo parece esconder nas profundezas
da sua consciência.

Sozinha, tenho chorado
lágrimas silenciosas cheias de orgulho
em um mundo feito de metal,
feito de pedra.

Bem, eu ouço a música,
fecho meus olhos, sinto o ritmo,
me deixo levar, seguro firme meu coração.

Que sensação.
Comece acreditando.
Eu posso ter tudo isso,
agora estou dançando por minha vida.

Pegue sua paixão
e faça-os acontecer.
Imagens tornam-se vivas,
você pode dançar por sua vida.

Agora, eu ouço a música,
fecho meus olhos, sou o ritmo.
Em um instante seguro firme meu coração.

Que sensação.
Comece acreditando.
Eu posso ter tudo isso,
agora estou dançando por minha vida.

Pegue sua paixão
e faça-os acontecer.
Imagens tornam-se vivas,
você pode dançar por sua vida.

Que sensação. SOU A MÚSICA AGORA
Comece acreditando. SOU O RITMO AGORA
Imagens se tornam vivas, você dançar direito por sua vida.

Que sensação. VOCÊ PODE REALMENTE TER TUDO ISSO
Que sensação. IMAGENS SE TORNAM VIVAS QUANDO EU CHAMO
Eu posso ter tudo isso. EU POSSO REALMENTE TER TUDO ISSO
Ter tudo isso. IMAGENS SE TORNAM VIVAS QUANDO EU CHAMO

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