domingo, 7 de março de 2010

Sobre árvore genealógica, chiliques e afins



Comecemos com um diálogo entre minha irmã e eu. Ela deitada no sofá, eu sentada na poltrona, depois de um dia cheio. Ela, que tem um vasto histórico de piolhos, me pede, apavorada:

- Ai, minha cabeça ta coçando. Parece que tem coisas andando. Olha pra mim, por favor?

Eu me levanto prontamente para olhar. Dou uma procuradinha e acho um carrapato. Tiro, mato e mostro pra ela. Vou jogar pia. Lavo as mãos. Volto para a sala e digo:

- Credo, Clara.

- Credo por quê? Eu já peguei um carrapato na cabeça antes.

- Eu lembro. Você disse para a mãe que tava com uma verruga na cabeça igual a minha. Quando ela foi ver, era um carrapato.

- E ela fez um escândalo. “Ai, minha nossasenhoraparecida. Que é isso, pelamordedeus?”. Acha que precisava? Era só tirar o carrapato e jogar na pia. Ela me deixou traumatizada.

- E você esperava o que? Filha da Irene, sobrinha da Ida...Salles puro sangue!

- Verdade, né? Tia Ida, nossa...Tia Irani, Tia Iraci...

- Qual será a pior?

- Ah! Difícil comparar...

- São chiliques diferentes, né?

- São! E, nossa, tio Jorge, tio Enéias...

- Acho que a gente não puxou para eles, né?

- Acho que não!


Nossa família, por parte materna, realmente é um exagero. Eles são barraqueiros, dão chilique com certa freqüência, exageram em tudo. Poderíamos ser gregos, mexicanos talvez.

O fato é que a Clara e eu somos, posso dizer assim, mais contida nos sentimentos. A gente ama, mas não ama tanto. A gente sofre, mas não sofre tanto. A gente fica feliz, mas não fica tão feliz. Nós somos discretas, acredito eu.

Eu me casei com um carinha beeeeeeem exagerado também. A família dele eu não sei, mas a sogrinha é. Exagerada completamente diferente da minha mãe. É um exagero mais discreto, uma tremulação, sabe? Não tem gritos e nem apelos aos santos. Porque eles são uma família tradicional, e as famílias tradicionais não têm o direito de escândalos.

Mas o Neto não liga muito para essa tradicionalidade. Ele está longe de ser escandaloso, mas exagerado, sim! Quando junta com a minha mãe... Acho que é por isso que eles se amam! E, talvez, que eu os ame.

Como personalidade é genética, eu tenho um filho beeeeeem exagerado. O João ama demais, sofre demais, fala demais...ele é bem potencializado. O Matias não. Ele é mais na dele. Mas o João vai me fazer passar muita raiva sofrendo de amor por mulheres más!

E nada contra os exagerados, viu? Eu me divirto com eles!

2 comentários:

Clara disse...

ah, mas o matias tbm tem lá seus pitis... só acorda chorando e com o bracinhos pra cima pra alguém pegar ele e confortar...

Flávia disse...

Eu adoro seu blog...
Sei que já falei isso várias vezes, mas eu adoro demais....rsrsr
Reativei o meu. Vc me inspira!!! rsrs