quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Estava conversando com um amigo de escola, de quando eu era adolescente, lá na oitava série, primeiro colegial (quando a escola ainda tinha essa nomenclatura) e a gente tava meio que marcando um encontro de amigos antigos e tal, quando eu me dei conta que quase não tinha amigos nessa turma. Eu conversava com todo mundo, não tinha desafetos, longe disso, mas amigo, amiiiiiiigo, eu tinha uns 3. Não me identificava com as pessoas e acho que todo mundo me achava esquisita. Enquanto as meninas compravam uniformes em tamanhos infantis para ficarem justos, eu comprava EXGG, porque só queria me sentir confortável. Enquanto as meninas ouviam as rádios da moda, eu ouvia meu rock n´roll. Enquanto elas paqueravam os gatinhos, eu passava a noite no telefone com um amigo que gostava de HQ e RPG. E eu saia bastante para a balada. Disso eu sempre gostei. Mas eu era uma menina esquisita, fora dos padrões e convenções sociais. As vezes, rolava um preconceito. Mas o tempo passou, e criou-se um nome para minha “tribo” – odeio essa nomenclatura. Acho “descolado” demais. E eu achei meu lugar no mundo e a minha turma estava lá!

SOBRE OS NERDS DOMINANDO O MUNDO

Agora é moda. E é até feio uma mulher de 30 anos dizer que é nerd. Porque nerd está na moda. Hoje, adolescente faz tipo para ser nerd. Porque nós somos foda. A gente está um passo a frente da nossa geração. A capacidade que a gente tem de absorver, processar e passar adiante uma informação supera corpos malhados, roupas de griffe e carrões, que eram os atrativos da minha geração. Então, listo aqui as principais vantagens de ser uma nerd nata!

· Sem nenhuma dificuldade, acompanhamos todas as tecnologias;
· Processamos o quanto de informação for preciso;
· Por ter muita informação, temos assunto para dias e dias, com todos os tipos de pessoa;
· Somos todos bem estilosos, e cada um no seu estilo, sem seguir “tendências”;
· Nossas profissões são as mais legais: todas tecnológicas, designer, colorista, roteirista, arte finalista, repórter de cultura pop...;
· Na minha área, os descolados fazem mídia e atendimento. Criação, quem faz é a gente!!!!;
· Somos todos caretas: não dependemos de droga nenhuma para ser geniais;
· Não precisamos de muita grana para ser felizes, não somos escravos do dinheiro ou da aparência;
· Temos amigos no mundo inteiro, porque somos quase virtuais;
· Temos muitas histórias vergonhosas para contar;
· Não fazemos parte do mainstream: a cena alternativa é nossa. Isso quer dizer que não fazemos parte do senso comum;
· Somos sensíveis...

Enfim...a lista vai longe. O mais engraçado é que o termo “nerd” surgiu como forma depreciativa para as pessoas que não eram superpopulares e, por isso, tinham a vida social reduzida à sua turma – de nerds. Na minha cabeça, os superpopulares sempre foram meio imbecis, com brincadeiras idiotas, algumas até violentas, querendo diminuir o resto da humanidade.

É...parece que o mundo vem amadurecendo depois de tantos apelos. Se na minha geração os adolescentes eram todos alienados, hoje vem se construindo uma cultura um pouco melhor para o meus filhos. Hoje, se algum amiguinho disser: “Olha eu! Sou lindo, rico, quebro tudo, capoto carro, pego todo mundo e faço todo mundo de palhaço”, eles podem retrucar: “E eu sou inteligente! Só!”.

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