quinta-feira, 23 de junho de 2011

Dialética da exigência: exigimos por nós, mas isso acaba sendo um tiro no pé.

Ontem foi um dos raros dias que dormi depois da meia noite – depois que minha vida social morreu . Fiquei assistindo Jô. Ele entrevistou a Stella Florence, uma das referências em chiklit no Brasil. Apesar de adorar o gênero, confesso que nunca li nenhum livro dela, mas houve uma identificação imediata com o título “Hoje acordei gorda”.

A escritora fala com desenvoltura sobre sexo e essas coisas, sem constrangimento, e isso é muito legal. Porém, ela comentou sobre uma crônica (essa aqui) e Neto e eu debatendo sobre o assunto com um pouco de indignação.

Imagine a cena: um pós-coito, o cara largado na cama, feliz – porque foi legal. A mina vai tomar um banho e tal. Parece que está tudo bem. De repente a pessoa volta surtada porque o cara a olhou “com um olhar que atravessou”. Xingou ou amarrou a cara, colocou sua roupa e foi embora chorando. O cara, que até tava curtindo a mina, ficou sem entender nada e nunca mais ligou pra louca. E ela se sentiu mal e mais uma vez teve a prova de que nenhum homem presta, porque eles olham com olhares que atravessam. (Se achou machista, inverta o gênero.)

As pessoas são muito tensas. Elas não relaxam. Elas querem agradar e exigem que, em troca, sejam agradadas também. Não importa o quanto você se doe, elas querem mais e mais e mais. Elas querem se sentir compreendidas pelo olhar.

Lendo assim, pode parecer paranóico, mas existem muitas pessoas assim, que se boicotam. Que deixam de acreditar achando que o problema está com o outro.

No meu ponto de vista (no MEU ponto de vista), seria mais legal se as pessoas se preocupassem com elas ao invés do que os outros vão pensar/sentir/falar dela. Se as coisas fossem feitas sem exigência de retribuição. Se fizessem por elas, e não para serem agradáveis ou aceitas. Se elas olhassem sem atravessar e compreendessem quem está do seu lado antes de exigir que ele sinta o mesmo por ela.

Amar não significa que você vai ter um relacionamento diário eterno com a pessoa e nem que ela vai te compreender em todos os momentos. Amar significa que você vai ter a pessoa do seu lado pra sempre – não do seu lado físico. Quando a gente ama, o olhar não atravessa. Mas, para chegar até isso, é preciso relaxaaaaar. Não digo só no sexo e essas coisas, mas também nas amizades e todas as coisas infindáveis, que precisam de intimidade.

Então, esqueçam a paranóia, o ciúme, a exclusividade, as exigências, os blábláblás. Isso, só o amor faz por você. O negócio é se abrir, se mostrar verdadeiramente e se divertir,sem tensão, sem futuro. No MEU ponto de vista. E se surtar, surte sem dignidade. Não segure o choro, não explique com palavras bonitas e teorias psicológicas. Grite, quebre, descabele. Pelo menos a pessoa nunca mais vai te esquecer. E é engraçado.

2 comentários:

Paulo disse...

Posso dizer que, apesar do meu olho incomum , nunca olhei atravessado pra Mariana. E vice-versa.

Que orgulho, né?

Mariana Machado Hirche disse...

Mto orgulho! Mto mesmo!