quarta-feira, 11 de março de 2009

Eu ando tão triste...e acho que ninguém percebe porque eu tenho trabalhado demais - é o que me ajuda a abstrair.

Mas tristeza não é um sentimento ruim. Não acho mesmo. É sinal que é hora de pensar e pensar e pensar.

Eu gosto muito de caminhar enquanto penso. Eu gosto de andar por aí, observando as coisas vivas, ouvindo músicas tristes. Ou me matar de correr. Correr até me sentir esgotada e depois chegar em casa, tomar um banho, deitar, me afundar num livro e dormir. É assim que eu gosto de me sentir triste. E este tem sido meu maior problema.

Por motivos obvios, eu não tenho conseguido viver minhas tristeza. E parece que isso deixa ela presa. E a coisa vai se tornando uma panela de pressão.

Oscar Wild disse - e o Bial repetiu ontem, e me serviu como uma luva - "Quando os deuses querem castigar-nos, eles atendem nossas preces".

Eu não quero que ninguém me pergunte sobre minha tristeza. As pessoas diriam: "Você não tem motivo nenhum para ficar triste!" e blá blá blá blá blá blá blá injusta blá blá blá blá blá mal agradecida blá blá blá blá blá filhos lindos blá blá blá blá blá trabalho blá blá blá blá inteligente blá blá blá blá blá (...) Isso só aumentaria mais meu sentimento, eu ia ter mais vontade caminhar atoa, me exaustar, tomar banho, ler livro e dormir e não ia conseguir, a panela ia pegar mais pressão e o ciclo se repete e repete e repete até que a panela explode e todo mundo diz que eu sou descontrol total e que eu não mereço nada. E falam sobre a minha ingratidão e sobre como eu sou uma má pessoa, egoista. Eu sei porque já aconteceu sei lá quantas vezes.

Eu sinto falta do Paulo. Porque nós temos um jeito silencioso de conversar. A gente senta/deita, fica comendo/bebendo, trocando uma palavra a cada 10 minutos e pronto. Um já sabe o que o outro quis dizer.

Agora eu vou vestir minha máscara de pessoa feliz e trabalhadora e ir gravar um VT. Depois eu vou ligar pro meu ex-chefe cobrando meu salário maternidade, porque eu tô precisando de grana. Depois eu vou pra casa almoçar e dar carinho pros meus filhos e dizer o que as minhas funcionárias precisam fazer. Depois eu vou pegar uma carona com o meu marido até meu trabalho e nós vamos trocando farpas, porque ele anda nervoso - com razão - e eu não consigo calar a minha boquinha (quando eu calo, é tarde demais). Daí eu vou descer meio chateada e corrigir textos, aprovar imagens, receber ligações, fazer externas e essas coisas que eu faço todo dia, todo dia. Não vai dar tempo de levar o João na natação. Não vai dar tempo de ir na academia porque eu vou ter passado pouco tempocom as crianças. Então eu vou ficar com eles, arrumar alguma coisa pra comer, ir no mercado e lá pelas 22h vou tomar um banho e ir dormir no quarto do João porque ele anda carente de mãe.

Minha rotina seria maravilhosa se eu não andasse tão triste.

3 comentários:

Paulo disse...

Sabe que eu sinto uma falta desgraçada desse lance do silêncio que tu disse...Como será que a gente consegue fazer isso, né?

Saudade monstra aqui também! Tu não imagina.

Finalizando, deixo pra você as palavras do mestre.
Essa definição de ser é válida total pra mim e pra você. Acho que esse tipo de coisa é que faz essa compreensão mútua, manja?

"É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz

Mas acontece que eu sou triste..."

Vìnicius "Gênio" de Moraes.


Te amo.


Beijo!

Clara disse...

Ryan Phillip Matheus Camilo Scolari Salles Machado Hirche Pedro Zilloti Durval de Lima Jr Bina Godoy... nossa como a gente conseguiu?

Clara disse...

To dando ingles pra uns pititico do tamanho do Joao, nem da pra acreditar q eles sao da idade do meu sobrinho...