Menstruada, sem nem uma pontinha de humor, num calor do caralho, eis que vou até o Show do Charlie Brown para acompanhar o Neto.
SOBRE A ARTE DO ENVELHECER
O Neto adora Charlie Brown. Então, há mais ou menos uns 20 dias, chego eu toda saltitante com dois convites na mão. O dia vai se aproximando e o arrependimento vai batendo. Não porque eu não queria ir ao show, mas porque ainda me recordo - com pesar - de como é show, ou qualquer balada, na Morada do Sol aromatizada de laranja.
Eu reclamei tanto, mas tanto,no caminho, que o Neto até sugeriu que a gente voltasse para casa. Mas não. Segui firme e forte!
O show foi na cede de campo do Clube 22 de Agosto, reduto da minha meninice. E lá chegando avista-se AQUELA fila para entrar...E eu soltei um: Neto, meu sweet, é por isso que a gente ganha mais quando envelhece: porque a gente tem ir à lugares caros, com bom atendimento, no mínimo! Acabei com a última gotinha de paciência do Neto.
Entramos ao recinto e o local me causou nostalgia, claro, porque eu sou velha. A faixa etária do público, juro, se aproximava mais da faixa etária do João do que da minha. A pessoa mais velha do recinto era o Neto, seguido de mim. E tinha algumas mães que foram levar seus filhos menores de 13anos, mas que pareciam mais novas que a gente também. E nostalgia, nostalgia...Neto e eu ficamos discutindo se a gente era tonto daquele jeito quando tinha aquela idade. Nostalgia!
O Neto era, com certeza - respondí isso para ele. Porque ele era um menininho popular, sabe? Que todo mundo considerava "louco" - leia-se andava de cueca, se jogava de cima dos palcos, etc. Eu também devia ser! Só saía de camiseta do Ramones e meu inseparável Adidas Hemp vermelho. Roupas esquisitas para uma meninota. Nostalgia!
Começa o show. "Eu falo tudo que ela gosta de escutar..." Buraco Louco,Marília, 1999. Nostalgia. "Mariana muito louca com doce na boca!" - Janaína, Marília, 1998. "Cada escolha uma renúncia, essa é a vida"...enfim,Nostalgia!
E a música que o Neto mais gosta não tocava, não tocava...Ele foi ficando com dor de cabeça, dor nas costas, e antes do Chorão se despedir, nós já havíamos partido. 1h da manhã eu estava em casa, deitada com o João e o Matias, contando a história "Grandão, o Hipopotamo", que é a história da vez do João.
Daqui há poucos anos, menos mesmo do que a quantidade de anos que se passou entre o Buraco Louco e a noite de ontem, eu estarei levando o João em algum show de rock. E vou ficar de cabelo em pé quando fizerem apologia às drogas. Mais ainda quando mandarem usar camisinha.
Fico imaginando como foi para minha mãe a noite em que eu estava, aos 13 anos, no show do Ramones. E em tantos outros também. Se minha mãe soubesse metade, ela játinha infartado. Deus salve a nostalgia, porque é sinal que eu sobreviví!Que sobrevivam meus filhos também.
Amém.
Ps: Apesar de não estar entre as minhas bandas favoritas, até a parte que ví o show foi bem legal.
Ps2: fiquei impressionada com a capacidade do CHorão de xavecar as meninas! Xaveco é uma arte mesmo!De cima do palco, ele mirou uma garota e falou a noite inteira o quanto ela era linda.E quando a menina quis enfiar a cabeça debaixo da terra, ele disse: "Não se envergonhe! A beleza é uma dádiva, não motivo para vergonha!" Frase feita. Mas levou ou não levou?
domingo, 26 de setembro de 2010
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Um comentário:
vou contar por meu namorado que conheço uma pessoa que foi ao show dos ramones. aliás, vou mostrar esse post pra vê-lo se contorcer de inveja. ou de infarto. ;)
hahahaha
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